domingo, 19 de abril de 2009

Quem é você?

Um dia, me fizeram uma pergunta ‘quem é você?’ e eu não sabia a resposta,quem sou eu? A Jane,estudante de moda do interior de São Paulo,ou alguma coisa a mais que isso?
E daí em diante eu parei pra pensar, quem sou eu,dei um tempo em tudo,tirei um tempo pra mim,só pra mim. Isso foi mais ou menos em janeiro de 1999, eu tinha 20 anos, acabado de ser completado no dia dois de dezembro de 1998.
A resposta? Até hoje não achei,mais eu consegui refletir sobre a minha vida,se o que eu estava fazendo estava fazendo bem pra mim,se era o que eu gostava de verdade, se era minha vocação.
Eu não sabia o que eu estava fazendo ali,no interior de São Paulo, em Itararé, naquela vida monótona,meio que sem graça. Eu queria ser reconhecida pelo meu trabalho,ter minhas roupas na São Paulo Fashion Week.Não queria ser mais uma estudante de Itararé, que queria alcançar o topo,o sucesso,queria que minha cidade tivesse orgulho de mim.Então decidi correr atrás do que eu queria,fui pra São Paulo mais ou menos em maio de 2000,mês das mães,e aquilo me atormentava,dia das mães,imagina, minha mãe me largara para o meu pai me criar quando eu apenas tinha 2 anos,que tipo de mãe é essa que larga assim a filha... Esquece. E lá em São Paulo continuei minha faculdade de moda que era minha vocação - naquele momento- na faculdade muita gente bonita interessante até que eu conheci um rapaz que chamava Tom,ele era uma pessoa muito especial,um amigo como eu nunca tive, íamos juntos a todo lugar, dávamos risada, criamos uma grife juntos, que particularmente foi a melhor coisa da faculdade, as roupas eram lindas,sofisticadas.Terminamos a faculdade mais ou menos em 2003,eu tinha 25 anos. Eu e Tom abrimos uma loja que era um sucesso, a clientela que conquistamos,nunca nos abandonou, até que a loja foi ficando cada vez mais decadente, a parceria entre mim e Tom acabou de uma maneira nunca imaginável, por nós, até que a nossa loja fechou e a triste lembrança de trancar aquela porta pela ultima vez,com o luminoso em cima escrito ‘JT’, em letras grandes bonitas,agora só manchadas pelo tempo, caindo aos pedaços.
Depois da parceria ter acabado,mais uma vez eu parei, e repensei minha vida, descobri que eu não estava feliz desde que a loja fechara, mas o Tom não queria mais nada com a loja, e sem ele não seria a mesma coisa. Então resolvi me concentrar em criar projetos meu, só meus.
Dois anos depois, em 2007, eu descobri que na verdade, eu demorei tanto tempo pra perceber isso, que idiota que eu fui,em não perceber que eu não sentia apenas amizade por Tom, e sim um amor, um amor muito forte. E será que ele sentira o mesmo por mim? Será que eu nunca ia saber?
Foi então em março de 2007 que resolvi saber noticias dele, e ele infelizmente estava em uma cama de hospital, devido à um acidente que sofreu com sua moto.
Eu desabei, chorei como nunca antes.
Como eu pude ser tão boba, de nunca ter percebido isso? Agora, estava eu lá, do lado de uma cama de hospital chorando por uma pessoa que eu não via há anos.
Porque só agora eu descobrira o que eu sentia de verdade.
Então comecei a falar com ele : -Tom, você me ouve? Tom, me dá uma resposta,por favor, eu te amo. Eu sei demorei tempo demais para descobrir isso,mais eu estou aqui hoje, eu preciso de você, acorda por favor. -E nada,tentei mais uma vez.- Tom, sou eu, a Jane, me responda, por favor, eu preciso de você, acorda pelo amor de Deus, Tom, TOM. – e quando eu me dei por mim eu já estava gritando, foi quando a enfermeira entrou no quarto e me pediu pra sair, por que ele tinha tido alguma reação.
Eu,angustiada do lado de fora do quarto, ansiosa pra uma noticia dele, de qual era o seu estado, eu precisava saber de alguma coisa, eu estava desesperada, e a enfermeira saiu do quarto e eu fui correndo perguntar o que tinha acontecido. Ela disse que ele teve uma melhora, e que talvez ele voltasse do coma, a partir daquele dia eu não saí mais daquele hospital, todo dia eu falava com ele, passaram-se dois, três meses a nada, no quarto mês ele reagiu e acordou, eu não estava acreditando que ele tinha acordado.
Fui falar com ele:
- Tom,sou eu Jane, lembra de mim?
-Claro, Jane,meu amor. – o sangue de todo meu corpo subiu para meu rosto.
-Tom,eu descobri que você tava aqui,faz quatro meses que eu não saio daqui.
-Que bom que você está aqui.
-Tom –falei, envergonhada- eu descobri que... que... eu te amo.
-Até que enfim você percebeu isso,demorou hein Jane
-Você... –gaguejei- quer dizer que... você também gosta de mim?
-Claro, eu sempre te amei!
-Você não sabe como é com ouvir isso de você, Tom.Bom acho que é melhor eu ir agora,você precisa descansar, vou pra casa,tomar um banho ,mais tarde eu volto.

Dois meses se passaram, Tom saiu do Hospital e foi para minha casa, se recuperou completamente, me pediu em casamento mais ou menos em 2008 nos casamos e hoje, eu posso dizer que eu sou feliz, ainda não sei quem sou, mais eu sou feliz. Temos duas lindas filhas, Mary e Cristina ambas com 1 ano,gêmeas.
Moramos em Itararé, onde tudo começou.

Por:Marina Scognamiglio.

6 comentários:

  1. tá vendo?
    pra que ficar calado qd a melhor coisa é falar logo!
    às vezes até um não pode ser uma coisa boa...
    doer? talvez doa no coração, na lama sei lá... mas passa ... passa sim!

    João Carlos

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  2. obrigado pelo comentário, voce escreve muito bem :D adorei :**

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  3. Muito legal o contooo!!!!
    As veze sperdemos mto tempo e deixamos de ser feliz!!! ;)

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  4. É as vezes perdemos tempo com bestera e a vida vai passando....
    Otimo conto!!! ^^

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  5. Nossa, que história!
    Amo tanto ver que o amor venceu ...
    Sim, em relação a perceber esse amor, é que geralmente olhamos apenas para a ''grama'' do vizinho e esquecemos da nossa que cresce cada vez mais e é uma das mais bonitas que existe.

    Legal seu blog!
    Beeeijos!
    ^^

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